14 junho 2025

hidratação



Vem disfarçado, como naturalmente acontece às almas acanhadas, no creme com que te perfumo o rosto, pontas dos dedos suavemente a redesenharem rugas recentes forjadas pela magreza forçada.
E abres um sorriso que brilha em bem-estar.
É possível compreender o amor na frescura da tua pele hidratada por este tão forte abraço que as pontas angustiadas dos meus dedos oferecem ao teu rosto?
Sentirás, mãe, o verdadeiro sentido desta atenção, desta manutenção de um hábito de uma vida inteira, deste querer da permanência?
As rugas ficam, claro, mas este amor que sinto e calo, este amor precisará das palavras que o creme na doce ponta dos dedos esconde, mãe?

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