22 fevereiro 2016

Suspiros de amor


A Girl - Pierre Auguste Renoir - www.pierre-auguste-renoir.org

Aconteceu
E agora parece tão distante,
Como um sonho que se inventa acordada...
Este ramo de flores já secas
Pende das minhas mãos saudosas.
Prova única
De que atravessaste o meu ser
E partiste.

21 fevereiro 2016

Lazeira

Sente-se o sossego brando
Do aroma do café
Que aquece a chávena
Florida como o teu jardim,
Mistura de odores
Com o tabaco apreciado,
Sorrisos esquecidos nos lábios,
Preguiçosos, saciados...
Sente-se a paz iluminando
Este teu ritual domingueiro
Enchendo-te o lar com estimados
Amigos de sempre
Ou os só agora chegados

À tua mesa sempre posta,
Todos desfrutando.

E assim a tarde passa
Sem nada que se faça.

20 fevereiro 2016

Tesouro

A pele molhada sente o ar fresco,
Arrepia-se em galinha.
Sorrio em frenesim.
Sento-me direita, apressada ao início,
No ritual diário.
A toalha acaricia o corpo,
Acalma-se o gesto.
É um momento prazeroso,
Privado.
Admiro o corpo sem discussão
Secando recantos,
Cuidando do pertence
Que me permite a vida.
Precioso.



19 fevereiro 2016

A nu


A nudez afronta-te,
Diz-te na cara como és.
És assim.
Estas formas,
Estas cores,
Estas rugas.
És assim.

A nudez mostra-te
Tudo o que tens.
Ama-te.


18 fevereiro 2016

Passeio em Fevereiro

Sente-se um frio cortante nos dedos
Como se os nossos segredos
Se tivessem espalhado por todo o corpo
E quisessem fugir pelas extremidades
Mostrar-se ao mundo sem medos
Gritar os amores e as vontades

Apertamos as mãos e seguimos
O caminho das cumplicidades.

17 fevereiro 2016

Espera

Encosto o rosto no conforto da poltrona,
Não sei o que espero
De rosas espalhadas pelo colo,
Bela...
Talvez que um rapaz
Me descubra na solidão
Onde a vida me abandona!

16 fevereiro 2016

Conversas

Almoçamos calados,
O silêncio cortado pelo tinir dos talheres
Na loiça marcada pelo uso.
É um silêncio cheio de conversas já faladas,
Só nós as ouvimos.
Passo-te o pão sem pedires.
Molhas a sopa.
Ambos sabemos.

15 fevereiro 2016

Os amantes

Olha-me nos olhos,
Sente o tremor do meu corpo
Sob o respirar do teu peito...
Aqui tão perto, a roçar
Os meus lábios!
Toda a natureza em redor
Brilha, toda a sua cor incendeia...
Vem de ti este despertar
Dos seres para o Amor!

14 fevereiro 2016

A Besta veio à festa do Miguel

'E vai começar!'- gritas.
Iron Maiden sempre a abrir
Em tarde de guitarradas,
Que loucura, é só curtir:
'Ó meu, olha-me estes crâneos!'
São mesmo de fugir...
Mas nada de dar parte fraca
E trata de fingir!
'Ó meu, é bué da fixe!'
Quanto mais ainda temos de ouvir?
Está quase na hora das velas,
Dez raios e a trovoada a rugir
Sobre um bolo vestido a rigor...
Até assusta ter de o partir!
'Ó mãe! Que mariquinhas!'
Que gosto ver esse rosto a rir!
Vamos, lá, cantar-te os parabéns
E, finalmente, pôr a Besta a dormir!

Muitos beijinhos de parabéns, querido Miguel!


Imagem Google

13 fevereiro 2016

12 fevereiro 2016

Andando

As pessoas
São muito pesadas
Assim pensei
E delas me larguei
Por me sentir
Muito cansada.

Saí de Lisboa.

11 fevereiro 2016

Cinderelas

Sorrimos ao espelho
Quais vedetas de televisão:
'It's show time!'
Com as primas em exibição.
Escovas do cabelo em punho
O coro exulta em boa afinação,
Alma a saltar pela garganta,
Há esta melodia que se entranha
Cheia de versos sentidos
E o tom sobe e sobe a emoção!
Ah! Que maravilha!
E mais uma e outra repetição,
És grande, Carlos Paião!

'Então,
Bate, bate coração!
Louco, louco de ilusão!
A idade assim não tem valor.
Crescer,
Vai dar tempo p'ra aprender,
Vai dar jeito p'ra viver
O teu primeiro amor.'

Ainda sabes como é?
Ora vamos lá!

'Eles são duas crianças...'

E somos crianças outra vez...

Beijinhos e abraços de parabéns, Susana!!


10 fevereiro 2016

Renoir

Que rosas tão perfumadas tu pintas!
Inebriam os olhos coração dentro
Até à essência mais pura do sentir
A vida!

09 fevereiro 2016

Funeral

Que loucura! Não me apercebi que partiste!
Marquei presença com sapatos e roupa emprestados
Arranjei-os a saber estar, já bem ensinados.
Fui, lá estive... também sei que não me sentiste.
E assim penso que ficámos empatados!

08 fevereiro 2016

Etapas

Enfrenta-se a hora, tem que ser!
Sessenta minutos vezes sessenta segundos
Longamente sós...
Enfrenta-se a vida, tem que ser!

07 fevereiro 2016

Tonta

Baloiço, baloicinho,
Dá-me um abracinho!
Na vertigem do baloiçar
Esqueço até o meu chorar...
P'rá frente! P'ra trás!
P'rá frente! P'ra trás!
Aí vai o meu desassossego
Lançado sem medo
Furando pelo ar!

06 fevereiro 2016

(De)mente poderosa

Sofro desta alucinação
Contigo,
Toda a realidade se transforma
Em ti,
O próprio Sol entregou a sua coroa
Por conta desta minha afeição.
És rei e senhor!
Aqueces os teus domínios
Com um pensamento
Só!

E é assim, também só,
Que a louca a si torna
Extinguindo esta paixão
Em mim.

05 fevereiro 2016

Tu aí, sim, tu!

Ó tu, traiçoeiro!
Com milhões me atiras...
Umas vezes de beijos,
Outras, de mentiras!

04 fevereiro 2016

03 fevereiro 2016

O campo

Procuro na fusão com a terra
Encontrar a liberdade de ser, 
Simples e leve viver.

02 fevereiro 2016

O perfume

O ar carrega profundamente
Uma espantosa mistura de aromas...
Estonteante!
A Natureza exibiu-se à descarada
Quis ser por demais admirada...
Oh, citadino amnésico
Aos tropeções em raízes exuberantes!
Inspira! Inspira!

01 fevereiro 2016

A gruta na falésia

Esfolo-me todo pela rocha acima
Derrapagens pelo pó
Esfoliações pelos ramos cerrados
Garganta seca e peito ofegante
Roupas imundas de satisfação
Chego lá, sim, chego
E entro
Na cova escura
Agora a montanha impõe o silêncio
Chiuu!
Deixa ouvir
Como é enorme e protectora
Sento-me encostado neste colo
Oferecido sem cobranças futuras
Sou pequeno mas poderoso
Porque estou aqui,
Presente no meu improvável
Pegada marcada
Chego-me à beira da rocha
E sinto os infinitos domínios
Entrarem e percorrerem-me o ser
Que magia é esta?
Mãe-Terra
És tu a cuidares de mim

Imagem Withoutdoors