21 março 2015

O tempo que falta

O comprimido.
Dá-me...

Já deste? Não me lembro,
A dor diz-me que não
Tu dizes-me que sim...
Dá-me...

Não me deixes assim,
Não importa o tempo que falta
Essa hora distante
De segundos martelados pelo corpo...
Faz-me falta, sem falta me fazer
Que a dor está cá e não há magia,
Apenas esperança num alívio
Que não acontece.
Ninguém percebe,
Ninguém sente o meu corpo falido,
A ansiedade da espera.
As longas noites em desespero
Ou os longos dias sem sentido,
Numa existência sabida perdida
Mantida sofrida em momentos que existem,
Lentos,
Demorando-se centímetro a centímetro,
Dominando um peso insuportável.

E urge o tempo que falta.
O comprimido.
Dá-me.

A mente vencida pelo cansaço
De um corpo desobediente.

12 março 2015

As tias

As tias são como um prolongamento de mãe.
Conhecem-na. Conhecem-me. Entendem.
Desde o quase nada que fomos no nascer até ao quase qualquer coisa que somos no agora.
E amam, dão conselho em mil cautelas, para não doer.
Acolchoam momentos difíceis como alegram momentos felizes.
Estão por aí, fazem saber.
Sempre que é preciso.
Assim como uma mãe, que lhe corre nas veias, também.

É um conforto ser-vos sobrinha.

Abraço apertado e amado.