31 dezembro 2016

Assim, a passagem de ano

Assim se completa mais uma translação
Assim se regressa à casa partida
Assim se prepara uma nova volta
Assim se gira no carrossel universal
Assim se permita que o planeta sobreviva
Assim se alegre a vida em nosso corpo
Assim se alinhe a complexidade mental
Assim se lance em chamas o nosso coração
Assim, 2017
Imagem NASA


29 dezembro 2016

Sonhos natalícios

Era um sonho feito de abóbora
Grande, açucarado e gorduroso
Corria em círculos, pernas curtas, rápidas
Gritando: e agora? é agora?
Mordes-me? Vê lá se me apanhas!
Rebolo-me em riso aberto e saboroso,
Caio da cama e... que grande lástima!
Acordar a salivar sem uma trinca
Só c'as dores e um apetite guloso!
Imagem Google

26 dezembro 2016

Mesa farta

Assim se desenha o Natal
Com traço grosso
A encher a mesa com fartura
Bacalhau, perú, sonhos, marisco,
Doces variados, muita bebida
Tudo ao gosto
Bem temperado de ternura
É assinado com um rabisco
Quer-se assim, desconhecida,
Artista e sentimental

25 dezembro 2016

Jesus tradicional

Nasceu o Natal.
Hoje.
O céu transformou-se
E as estrelas coloriram-se
Para festejar com um brilho ofuscante.


Nasceu especial.
O amor.
Inspirador, enrolado em palhinhas,
No calor do gado.


Vieram visitas fantásticas
Com muitas oferendas valiosas
Em lindos embrulhos cheios de laços.
Apagaram-se velas e comeu-se bolo.


Não?


É uma questão de fé.


Imagem Google

24 dezembro 2016

23 dezembro 2016

Luzes natalícias

A cidade brilha
Num milhão de cores.
Apetece a rua,
A noite enfeitada
De vida fictícia.


Apetece acreditar
Nesta alegria.

Imagem google



02 dezembro 2016

Segundo tempo

Passou o dia.
Não te lembrei, mãe, ou talvez sim,
Não me recordo.
Transformaste-te em massa cerebral,
Vives em mim.
Penso-te sem me aperceber
Como uma batida latente
Suave mas constante.
Permaneces assim...
E como te quero manter!

12 setembro 2016

Encontro?

Que bem se está no campo!
O perfume das flores,
O rumor do rio que corre por debaixo da ponte,
O canto dos passarinhos que encanta,
A brisa fresca que nos acaricia a pele...
Relaxo no toque com a terra
Numa leve aproximação à verdade.

11 setembro 2016

Paisagens espinhosas


A natureza selvagem
É tão bela quanto agreste!
Manda mais do que nós,
Num instante nos esfacela!
Escapa-se ao nosso querer
Pisar longe dos cardos!
É a vida assim,
Haverá que a viver!

10 setembro 2016

A consciência a laborar

É etérea a nossa existência
Vem do sempre e para o sempre
A ausência preenchida e desconhecida,
Para além da compreensão mundana.
Toda a vida vivida num único momento...

01 setembro 2016

Brincos-de-princesa

Princesinha tão queixosa
Aligeira esse sentir!
A vida solta de exigências
Fica mais leve, saborosa!
Deixa o teu botão florir!



31 agosto 2016

Caminhando para casa

Atravesso um deserto
Quente, muito quente...
Transporto grande sede
De miragem em miragem...
É tão difícil esta viagem!
Mas não se dirá de mim
Que brava sobrevivente?


30 agosto 2016

Momentâneo

O beijo mais doce
Veio espontâneo
E carregou-me de alegria...
Fingi normalidade
Mas, ai!, tão bem que me sabia!

14 abril 2016

Nô, Lobita

Ai, Caracolita
Sabes o que tens que fazer?

Escutar o chefe,
Um pouco melhor
Do que escutas a mamã
Pela manhã!

Ai, pois é, pequenita!

Promete lá:
Amar,
Respeitar,
E uma boa acção praticar...

É canja para ti!

Da melhor vontade,
Certo?
Porque isso é que é correcto!

Ai, minha filha, que estás bonita!!

Minha Nô, Lobita!

13 março 2016

Um novo ar para respirar

Aos poucos, a sensibilidade volta.
Muito lentamente.
Em pequenas e inusitadas ofertas,
Reconhecidas e apreciadas,
O peito aquece e agradece
Novamente.

11 março 2016

Podia?

Podia habituar-me a estar assim:
Descomprometida e leve
No usufruto livre do meu território
E tempo.

Podia se, primeiro, o aprendesse...

10 março 2016

Primavera privada

Porque não nascem,
Flores ingratas?!
Tanta falta faz  a vossa alegria nesta casa!
E nada!
Envasei, reguei, arejei, limpei...
Pouca atenção?!
Flores carentes?!
Prometo, vou- me esforçar!
Mas esbocem um dos vossos sorrisos,
Com muitas pétalas a desabrochar!

Já no campo em redor, tudo encanta!
O frio enamorou-se perdidamente pela Primavera!


09 março 2016

Pai

Voltaste
Desse sítio estranho por onde tens andado.
E eu choro copiosamente,
Com saudades,
Assaltam-me de repente
No teu regresso!
Estou menos só, agora,
Mais forte,
Só por estares aqui
Outra vez.
Não te vás embora...

07 março 2016

Mãe

Passas o creme no rosto e o batom nos lábios
O ar digno e cuidado de quem se aprecia
Para além dos muitos e agitados pesares

Olho o espelho de frente e o rosto que vejo é o teu
Reflexo minucioso da saudade

22 fevereiro 2016

Suspiros de amor


A Girl - Pierre Auguste Renoir - www.pierre-auguste-renoir.org

Aconteceu
E agora parece tão distante,
Como um sonho que se inventa acordada...
Este ramo de flores já secas
Pende das minhas mãos saudosas.
Prova única
De que atravessaste o meu ser
E partiste.

21 fevereiro 2016

Lazeira

Sente-se o sossego brando
Do aroma do café
Que aquece a chávena
Florida como o teu jardim,
Mistura de odores
Com o tabaco apreciado,
Sorrisos esquecidos nos lábios,
Preguiçosos, saciados...
Sente-se a paz iluminando
Este teu ritual domingueiro
Enchendo-te o lar com estimados
Amigos de sempre
Ou os só agora chegados

À tua mesa sempre posta,
Todos desfrutando.

E assim a tarde passa
Sem nada que se faça.

20 fevereiro 2016

Tesouro

A pele molhada sente o ar fresco,
Arrepia-se em galinha.
Sorrio em frenesim.
Sento-me direita, apressada ao início,
No ritual diário.
A toalha acaricia o corpo,
Acalma-se o gesto.
É um momento prazeroso,
Privado.
Admiro o corpo sem discussão
Secando recantos,
Cuidando do pertence
Que me permite a vida.
Precioso.



19 fevereiro 2016

A nu


A nudez afronta-te,
Diz-te na cara como és.
És assim.
Estas formas,
Estas cores,
Estas rugas.
És assim.

A nudez mostra-te
Tudo o que tens.
Ama-te.


18 fevereiro 2016

Passeio em Fevereiro

Sente-se um frio cortante nos dedos
Como se os nossos segredos
Se tivessem espalhado por todo o corpo
E quisessem fugir pelas extremidades
Mostrar-se ao mundo sem medos
Gritar os amores e as vontades

Apertamos as mãos e seguimos
O caminho das cumplicidades.

17 fevereiro 2016

Espera

Encosto o rosto no conforto da poltrona,
Não sei o que espero
De rosas espalhadas pelo colo,
Bela...
Talvez que um rapaz
Me descubra na solidão
Onde a vida me abandona!

16 fevereiro 2016

Conversas

Almoçamos calados,
O silêncio cortado pelo tinir dos talheres
Na loiça marcada pelo uso.
É um silêncio cheio de conversas já faladas,
Só nós as ouvimos.
Passo-te o pão sem pedires.
Molhas a sopa.
Ambos sabemos.

15 fevereiro 2016

Os amantes

Olha-me nos olhos,
Sente o tremor do meu corpo
Sob o respirar do teu peito...
Aqui tão perto, a roçar
Os meus lábios!
Toda a natureza em redor
Brilha, toda a sua cor incendeia...
Vem de ti este despertar
Dos seres para o Amor!

14 fevereiro 2016

A Besta veio à festa do Miguel

'E vai começar!'- gritas.
Iron Maiden sempre a abrir
Em tarde de guitarradas,
Que loucura, é só curtir:
'Ó meu, olha-me estes crâneos!'
São mesmo de fugir...
Mas nada de dar parte fraca
E trata de fingir!
'Ó meu, é bué da fixe!'
Quanto mais ainda temos de ouvir?
Está quase na hora das velas,
Dez raios e a trovoada a rugir
Sobre um bolo vestido a rigor...
Até assusta ter de o partir!
'Ó mãe! Que mariquinhas!'
Que gosto ver esse rosto a rir!
Vamos, lá, cantar-te os parabéns
E, finalmente, pôr a Besta a dormir!

Muitos beijinhos de parabéns, querido Miguel!


Imagem Google

13 fevereiro 2016

12 fevereiro 2016

Andando

As pessoas
São muito pesadas
Assim pensei
E delas me larguei
Por me sentir
Muito cansada.

Saí de Lisboa.

11 fevereiro 2016

Cinderelas

Sorrimos ao espelho
Quais vedetas de televisão:
'It's show time!'
Com as primas em exibição.
Escovas do cabelo em punho
O coro exulta em boa afinação,
Alma a saltar pela garganta,
Há esta melodia que se entranha
Cheia de versos sentidos
E o tom sobe e sobe a emoção!
Ah! Que maravilha!
E mais uma e outra repetição,
És grande, Carlos Paião!

'Então,
Bate, bate coração!
Louco, louco de ilusão!
A idade assim não tem valor.
Crescer,
Vai dar tempo p'ra aprender,
Vai dar jeito p'ra viver
O teu primeiro amor.'

Ainda sabes como é?
Ora vamos lá!

'Eles são duas crianças...'

E somos crianças outra vez...

Beijinhos e abraços de parabéns, Susana!!


10 fevereiro 2016

Renoir

Que rosas tão perfumadas tu pintas!
Inebriam os olhos coração dentro
Até à essência mais pura do sentir
A vida!

09 fevereiro 2016

Funeral

Que loucura! Não me apercebi que partiste!
Marquei presença com sapatos e roupa emprestados
Arranjei-os a saber estar, já bem ensinados.
Fui, lá estive... também sei que não me sentiste.
E assim penso que ficámos empatados!

08 fevereiro 2016

Etapas

Enfrenta-se a hora, tem que ser!
Sessenta minutos vezes sessenta segundos
Longamente sós...
Enfrenta-se a vida, tem que ser!

07 fevereiro 2016

Tonta

Baloiço, baloicinho,
Dá-me um abracinho!
Na vertigem do baloiçar
Esqueço até o meu chorar...
P'rá frente! P'ra trás!
P'rá frente! P'ra trás!
Aí vai o meu desassossego
Lançado sem medo
Furando pelo ar!

06 fevereiro 2016

(De)mente poderosa

Sofro desta alucinação
Contigo,
Toda a realidade se transforma
Em ti,
O próprio Sol entregou a sua coroa
Por conta desta minha afeição.
És rei e senhor!
Aqueces os teus domínios
Com um pensamento
Só!

E é assim, também só,
Que a louca a si torna
Extinguindo esta paixão
Em mim.

05 fevereiro 2016

Tu aí, sim, tu!

Ó tu, traiçoeiro!
Com milhões me atiras...
Umas vezes de beijos,
Outras, de mentiras!

04 fevereiro 2016

03 fevereiro 2016

O campo

Procuro na fusão com a terra
Encontrar a liberdade de ser, 
Simples e leve viver.

02 fevereiro 2016

O perfume

O ar carrega profundamente
Uma espantosa mistura de aromas...
Estonteante!
A Natureza exibiu-se à descarada
Quis ser por demais admirada...
Oh, citadino amnésico
Aos tropeções em raízes exuberantes!
Inspira! Inspira!

01 fevereiro 2016

A gruta na falésia

Esfolo-me todo pela rocha acima
Derrapagens pelo pó
Esfoliações pelos ramos cerrados
Garganta seca e peito ofegante
Roupas imundas de satisfação
Chego lá, sim, chego
E entro
Na cova escura
Agora a montanha impõe o silêncio
Chiuu!
Deixa ouvir
Como é enorme e protectora
Sento-me encostado neste colo
Oferecido sem cobranças futuras
Sou pequeno mas poderoso
Porque estou aqui,
Presente no meu improvável
Pegada marcada
Chego-me à beira da rocha
E sinto os infinitos domínios
Entrarem e percorrerem-me o ser
Que magia é esta?
Mãe-Terra
És tu a cuidares de mim

Imagem Withoutdoors

31 janeiro 2016

Montanha

Lá em baixo
Uma extensão infinita
Azul
Brilha por entre os ramos
Que traçam o olhar
Quero fundir-me neste equilíbrio
Transformar-me em terra
Rocha planta mar aroma
Abandonar a perturbação
E soltar-me em alma
Sobre este estar
Imagem Balcão do Poema

30 janeiro 2016

Dietas

Um prato cheio de massa
Fumegando em molho de tomate?
A visão turvou com tanto hidrato
Saboroso...
Até tonto ficou, o guloso!
E salivou...
Mas não manjou!
'Salada, por favor!',
Tem cá uma graça!

29 janeiro 2016

Ilusões

Apreciador do mundo, das gentes, da vida,
Observo-te desde um longínquo lugar desconhecido
Onde vou criando as artes com fantasias coloridas.
Quanto deste ilusório amar se tornará um dia vivido?

28 janeiro 2016

Companheira

Não sei a vida sem ti.
Porque deveria?
Basta a morte se vier tiver que ser...
Por isso, tudo pouco importa
Os dizeres passam e sem grande crer
O hoje precipitando o ontem que seria...
Porque o mais que importa
É a vida com ti.

27 janeiro 2016

Reconfortante

Sentamo-nos na mesa encostada à janela
Trazem o tinto, brindamos, tchim tchim,
Sem outro motivo além da presença.
Gotículas de chuva escorrem na vidraça
Desfigurando as gentes na rua,
Avivando cores secretas pelas velas
Brilhos de deleite enchendo as taças.

Estamos por algures, pode ser por aqui,
Por perto de mim ou por perto de ti,
Simplesmente.

26 janeiro 2016

Rótulos sentimentais

Será que és tu a minha rapariga?
Serão sempre os melhores amigos a decidir
'Vem jantar, traz a tua nova namorada',
É um convite bem difícil de desmentir...
Há que aguardá-lo, firmar pela calada,
Para deixares de ser a amante amiga...

Esperemos, então,
Se existirá uma tal afirmação!

25 janeiro 2016

24 janeiro 2016

Arte

Que rápida tu corres de pés em pés,
Artista brilhante na relva ou na terra
Ou pelo ar, truques com cabeças até...
E é grande a festa, ó bola bem jogada,
Quando, finalizas e na baliza aterras!
És a minha redondinha encarnada!

23 janeiro 2016

Piu piu

Sei de um passarinho saltitante.
Saltita para trás, saltita para a frente,
Saltita e... escorregadela!
Tanta alegria a toda a hora o desvia
Do caminho, 'Onde mesmo é que eu ia?'
Passarito, olha só, outra esfoladela?

22 janeiro 2016

Trabalhos

Vendo uns belos dentes já usados-
Valiosíssimos-
Com pequenos diamantes incrustados.
Muita falta me farão, mas, enfim...
É comer menos bife e mais sopas de pão.
São estas coisas difíceis da vida,
Pequenas mas muitas as dívidas
Dão um tão grande valor,
O dos dentes que tudo já saberão-
Preciosos-
Como aconteceu? Nem sei bem!
Fui pedindo a este, àquele outro e a outrém,
Gente que era amiga e agora é só desdém...
Tenho, eu sei que tenho, que me desdentar-
O meu tesouro-
Vendo estes dentes experimentados,
São do melhor, garantia do utilizador!
Vou àquela loja da esquina, ao penhor.
Deixei tarde este baralho baralhado-
Diabo de vício danado de malvado!

21 janeiro 2016

Lume apagado

Hoje não há a terra da abundância.
Falta o verbo e aquela doce fragância
Que emana do verso que se ama.

Fiquemos por aqui, sem chama.

20 janeiro 2016

O Zé da mini ao peito

Dizes que é por uma linda amada
Mas é bem grande a tua bebedeira
Com que desafias todos à pancada!
Deve ser dessa cerveja a cegueira
Que esta moça a mais ninguém agrada...
Não se percebe tamanha ciumeira!
Faz um bom proveito da coitada,
Mas, quando te passar a borracheira,
Trata de a fazer mulher honrada...
Será a tua última grande asneira,
Ó Zé, já não te escapas desta alhada!

E parabéns aos novos noivos cá da aldeia
Assim noivados em dança tão bem dançada!

18 janeiro 2016

Traço

O teu rosto,
Dito de forma simples
Como eu sou.
Palavra pouca
Mas grande sentir.
Então, é assim
O teu rosto:
Gosto!

17 janeiro 2016

Gulodice

Cheira-me de facto
A coisa boa na cozinha...
Nunca me engana o olfacto,
Pena ser na casa da vizinha!

Dou dois potentes ganidos,
Ponho no ar o meu preto focinho
E faço o meu ar mais querido:
Ó dono, onde está o meu pratinho?

E tu, na maior das preguiças,
Bem me percebes, fingindo que não...
Sorris e assobias pensando 'Chiça!'
Enquanto me acenas com a ração!

É a chamada vida de cão!

16 janeiro 2016

Amigalhaço

Vim de avião até Paris
Só para te dar um abraço!
Pateta, eu estou tão feliz!
Quero ser teu amigalhaço!

És o meu Disney preferido
Com o teu grande nariz,
Esse teu ar descontraído
Faz as delícias deste petiz!

Sempre ingénuo, doce e amigo
Fazes disparates sem fim
Dou tantas gargalhadas contigo
Que até a mãe se espanta de mim!

Foi muita a diversão ao vivo
Mas está na hora de regressar...
Sabes? Levo-te para casa comigo
Nas brincadeiras que vou recordar!

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15 janeiro 2016

O arroz-doce da Joana

É o melhor do mundo sem, modéstias.
Basta provar para comprovar,
Não quero cá controvérsias!
E é bem fácil de cozinhar.
Inventei um truque para não pegar
Sem muito tempo a mexer, sem te cansar...
Escreve aí, filha, com boa letra, escreve
No teu caderno vazio das receitas.
Vê se mais tarde, ao leres, se percebe.
Esta é das que gostas, muito breve.
Aponta este segredo, não há outro igual
Um arroz-doce, vamos lá, genial!
Sem ser preciso ter perícia de mão!
Quando as saudades te atacarem o peito
Vinte minutos no fogão eu te receito:
Arroz, leite, açúcar, canela e limão
Mas toma muita, muita atenção:
Não temperes com lágrimas, usa apenas coração!

Nota importante: deita em taça bonita
Saber-te-á ainda melhor, acredita!


14 janeiro 2016

Descoberta

Empilhados,
Desalinhados,
Grandes e pequenos,
Coloridos e dourados...
Mil histórias espalhadas
Por escritas encantadas
Que maravilhoso achado!
Trazem o cheiro apreciado
Em páginas amarelecidas
De quantos segredos sentidos!
Nestes livros já quase esquecidos
Outros momentos foram vividos
Por outras gentes do passado
E agora, por mim, imaginados!

Toco-lhes ao de leve,
Só com um dedo,
Uma breve carícia
E toco a medo...
Mas que delícia!
Este tesouro de magia
Como há muito eu não via!

13 janeiro 2016

Luta

Segues as margens do rio que vai ligeiro,
Corres contra ele em direcção à foz,
Lado a lado, ignoras o corpo a doer.
Questionas-te quem chegará primeiro...
O rio potente ou a tua vontade feroz?
Será, certamente, a quem o mar pertencer!

12 janeiro 2016

'Inhas!' à Carla Parreirinha

Querida Carla Parreirinha

Estás a ficar mais velhinha
Mas não fiques muito tristinha!
Toma lá repenicada beijoquinha
Que te dá esta tua priminha.
É a minha melhor prendinha,
Por ser do coração é bem docinha.
Bem te quis oferecer uma comidinha
Mas vem um cheiro a esturro da cozinha,
Saiu mais uma especial, daquelas à Sarinha!
Salvou-se ainda uma linda velinha,
Tem pintada quarenta e qualquer coisinha.
Casa cheia a improvisar uma festinha
E a despique uma alegre cantiguinha,
Garganta afinada pela melhor pinguinha.
Celebramos a tua abençoada vidinha!

Não querendo ser (muito) (grande) melguinha
Impunha-se uma palavra para ti, Carlinha.

Muitos parabéns à minha compridinha
E grande, grande Amiguinha!

E gritam todos: 'inha!'  'inha!'  'inha!'
'Viva a Carla Parreirinha!'

E botam abaixo copos cheios de ginjinha!

11 janeiro 2016

Partida

Vi passar esta linda rapariga
Passo apressado, de atrasado,
Autocarro em marcha lenta.
Grito: senhor motorista,
Abra a porta a esta amiga!
Deixe entrar tanta beleza,
Com a sua alma sedenta
Foge destas terras de tristeza.
Aperta, nervosa, entre os dedos
O bilhete há muito comprado!
Vai-se embora, deixa os medos.
Faç'ó favor, muito obrigado!




10 janeiro 2016

Shopping

Quanto me custas, Adeus!
Demasiado caro para este parco orçamento,
Aguardo uma qualquer época de saldos!
Vais ficando pelas montras,
Eu vou passando e vou mirando
Fazendo contas atrás de contas.
Tem sido difícil conseguir-te,
Não sei se és bem essencial,
Ou mero necessário mal.
Tenho grandes temores:
Depois, onde ficarei eu?

Numa ilha deserta,
Isolada dos amores?

09 janeiro 2016

Ralé

Ocorreu na vizinhança
Um crime terrível,
Uma potencial matança...
Que gentinha desprezível!
Palavras ácidas atiradas
Aos baldes cheios
Varanda abaixo.
Sem avisar 'palavras vão',
Tudo foi sem rodeios!
Escorreram pelas ruas,
Queimaram ouvidos primeiro,
Incharam peitos de indignação.
Sem polícia que nos valha
Anda à solta esta canalha.
Confisquem-lhes as palavras
Todas e sem medos,
Chamem gargantas ao tiroteio,
Sejam presos os culpados!
Que se impeça no porvir
Corações puros destroçados.

08 janeiro 2016

Missa

Tenho esta estranha religião,
Uma fé na lei do Cosmos,
Confissões feitas à Natureza.

Sempre em grande incerteza,
Insisto e procuro por algo radical,
Um bate que bate coração,

Possuires-me com esta sensação
Fluindo pelo todo e pelo nada,
Mãos entrelaçadas com firmeza.

Tenho uma crença, sim, com certeza,
De que haverá neste homem espiritual
Um desejo igual de pertença e comunhão.

Creio em ti.

07 janeiro 2016

Tesão

Acha-se bonita figura, a Figura!

Não lhe escapa uma montra em reflexo
Tudo nela grita: quero a noite! quero o sexo!
Valida as suas formas em lycra e poliéster
Saltos agulha mordidos pela calçada.
E tudo nela grita: quero a noite! quero ser caçada!

Acha-se linda criatura, a Criatura!

E roça-se confiante pelas ruas de multidão,
Baton que se oferece por copos de mão em mão.
Mas quem te quer, assim tão fácil?
O desejo aquece o ar, as ruas, os bares
E o relógio bate as horas dos amares.

Acha-se só, neste calor animal, a Animal!

Não há homem que lhe vá rasgar as meias,
Apenas umas tristes bem alegres boleias!

Táááxxiiii!

Google Imagens




06 janeiro 2016

Modernices

É moça de valor.
Uma pedincha amor,
Porém!
Chatices,
Quem quer?
Ninguém!
A vida quer-se solta,
Conforme ao carácter,
Desenvolta.
A descomprometer.
Esta moça é um pavor!

05 janeiro 2016

A vida está a acontecer

E assim berra a história:
É preciso encarar-te, realidade!

Chega de vidas imaginárias,
Ruas paralelas em fuga ao desfalque,
Ao assalto nas vias principais.
Cofres vazios, não há amor percebido.
Anestesiado por goladas de conhaque,
Pouco importa o mundo, já esquecido!

Há que enfrentar-te, se és verdade...
São novos os tempos, novas serão as vitórias!

04 janeiro 2016

Renascimento

Abandono a adolescência em consciência
Dos actos loucos, das turbulências...
Procuro a lucidez, a calma, a ponderação
De um estado adulto utópico ainda,
Semente envasada em terras de imaginação
Alimenta-se e desabrocha em planta linda
Aberta sob novos sóis, em nova existência.
Assim crê, fervorosamente, meu coração.

03 janeiro 2016

Aguaceiros

Triste criatura, alegra-te!
Enxuta as dores e enxuga o espírito,
Larga esse vício de usar as lágrimas
Como essência da vida que existe em ti!

02 janeiro 2016

Paixoneta

Homem, que queres tu afinal?
Possante como um animal
Enquanto gentil e cordial
Neste encontro acidental,
Homem, não me faças mal...

01 janeiro 2016

Frieza

És bem linda, mulher!
Que sensação tão boa
Vem desse corpo apetecido!
Mas não há qualquer querer
Em saber-te a pessoa
Assim que o prazer arrefecido!