31 janeiro 2016

Montanha

Lá em baixo
Uma extensão infinita
Azul
Brilha por entre os ramos
Que traçam o olhar
Quero fundir-me neste equilíbrio
Transformar-me em terra
Rocha planta mar aroma
Abandonar a perturbação
E soltar-me em alma
Sobre este estar
Imagem Balcão do Poema

30 janeiro 2016

Dietas

Um prato cheio de massa
Fumegando em molho de tomate?
A visão turvou com tanto hidrato
Saboroso...
Até tonto ficou, o guloso!
E salivou...
Mas não manjou!
'Salada, por favor!',
Tem cá uma graça!

29 janeiro 2016

Ilusões

Apreciador do mundo, das gentes, da vida,
Observo-te desde um longínquo lugar desconhecido
Onde vou criando as artes com fantasias coloridas.
Quanto deste ilusório amar se tornará um dia vivido?

28 janeiro 2016

Companheira

Não sei a vida sem ti.
Porque deveria?
Basta a morte se vier tiver que ser...
Por isso, tudo pouco importa
Os dizeres passam e sem grande crer
O hoje precipitando o ontem que seria...
Porque o mais que importa
É a vida com ti.

27 janeiro 2016

Reconfortante

Sentamo-nos na mesa encostada à janela
Trazem o tinto, brindamos, tchim tchim,
Sem outro motivo além da presença.
Gotículas de chuva escorrem na vidraça
Desfigurando as gentes na rua,
Avivando cores secretas pelas velas
Brilhos de deleite enchendo as taças.

Estamos por algures, pode ser por aqui,
Por perto de mim ou por perto de ti,
Simplesmente.

26 janeiro 2016

Rótulos sentimentais

Será que és tu a minha rapariga?
Serão sempre os melhores amigos a decidir
'Vem jantar, traz a tua nova namorada',
É um convite bem difícil de desmentir...
Há que aguardá-lo, firmar pela calada,
Para deixares de ser a amante amiga...

Esperemos, então,
Se existirá uma tal afirmação!

25 janeiro 2016

24 janeiro 2016

Arte

Que rápida tu corres de pés em pés,
Artista brilhante na relva ou na terra
Ou pelo ar, truques com cabeças até...
E é grande a festa, ó bola bem jogada,
Quando, finalizas e na baliza aterras!
És a minha redondinha encarnada!

23 janeiro 2016

Piu piu

Sei de um passarinho saltitante.
Saltita para trás, saltita para a frente,
Saltita e... escorregadela!
Tanta alegria a toda a hora o desvia
Do caminho, 'Onde mesmo é que eu ia?'
Passarito, olha só, outra esfoladela?

22 janeiro 2016

Trabalhos

Vendo uns belos dentes já usados-
Valiosíssimos-
Com pequenos diamantes incrustados.
Muita falta me farão, mas, enfim...
É comer menos bife e mais sopas de pão.
São estas coisas difíceis da vida,
Pequenas mas muitas as dívidas
Dão um tão grande valor,
O dos dentes que tudo já saberão-
Preciosos-
Como aconteceu? Nem sei bem!
Fui pedindo a este, àquele outro e a outrém,
Gente que era amiga e agora é só desdém...
Tenho, eu sei que tenho, que me desdentar-
O meu tesouro-
Vendo estes dentes experimentados,
São do melhor, garantia do utilizador!
Vou àquela loja da esquina, ao penhor.
Deixei tarde este baralho baralhado-
Diabo de vício danado de malvado!

21 janeiro 2016

Lume apagado

Hoje não há a terra da abundância.
Falta o verbo e aquela doce fragância
Que emana do verso que se ama.

Fiquemos por aqui, sem chama.

20 janeiro 2016

O Zé da mini ao peito

Dizes que é por uma linda amada
Mas é bem grande a tua bebedeira
Com que desafias todos à pancada!
Deve ser dessa cerveja a cegueira
Que esta moça a mais ninguém agrada...
Não se percebe tamanha ciumeira!
Faz um bom proveito da coitada,
Mas, quando te passar a borracheira,
Trata de a fazer mulher honrada...
Será a tua última grande asneira,
Ó Zé, já não te escapas desta alhada!

E parabéns aos novos noivos cá da aldeia
Assim noivados em dança tão bem dançada!

18 janeiro 2016

Traço

O teu rosto,
Dito de forma simples
Como eu sou.
Palavra pouca
Mas grande sentir.
Então, é assim
O teu rosto:
Gosto!

17 janeiro 2016

Gulodice

Cheira-me de facto
A coisa boa na cozinha...
Nunca me engana o olfacto,
Pena ser na casa da vizinha!

Dou dois potentes ganidos,
Ponho no ar o meu preto focinho
E faço o meu ar mais querido:
Ó dono, onde está o meu pratinho?

E tu, na maior das preguiças,
Bem me percebes, fingindo que não...
Sorris e assobias pensando 'Chiça!'
Enquanto me acenas com a ração!

É a chamada vida de cão!

16 janeiro 2016

Amigalhaço

Vim de avião até Paris
Só para te dar um abraço!
Pateta, eu estou tão feliz!
Quero ser teu amigalhaço!

És o meu Disney preferido
Com o teu grande nariz,
Esse teu ar descontraído
Faz as delícias deste petiz!

Sempre ingénuo, doce e amigo
Fazes disparates sem fim
Dou tantas gargalhadas contigo
Que até a mãe se espanta de mim!

Foi muita a diversão ao vivo
Mas está na hora de regressar...
Sabes? Levo-te para casa comigo
Nas brincadeiras que vou recordar!

Google imagens

15 janeiro 2016

O arroz-doce da Joana

É o melhor do mundo sem, modéstias.
Basta provar para comprovar,
Não quero cá controvérsias!
E é bem fácil de cozinhar.
Inventei um truque para não pegar
Sem muito tempo a mexer, sem te cansar...
Escreve aí, filha, com boa letra, escreve
No teu caderno vazio das receitas.
Vê se mais tarde, ao leres, se percebe.
Esta é das que gostas, muito breve.
Aponta este segredo, não há outro igual
Um arroz-doce, vamos lá, genial!
Sem ser preciso ter perícia de mão!
Quando as saudades te atacarem o peito
Vinte minutos no fogão eu te receito:
Arroz, leite, açúcar, canela e limão
Mas toma muita, muita atenção:
Não temperes com lágrimas, usa apenas coração!

Nota importante: deita em taça bonita
Saber-te-á ainda melhor, acredita!


14 janeiro 2016

Descoberta

Empilhados,
Desalinhados,
Grandes e pequenos,
Coloridos e dourados...
Mil histórias espalhadas
Por escritas encantadas
Que maravilhoso achado!
Trazem o cheiro apreciado
Em páginas amarelecidas
De quantos segredos sentidos!
Nestes livros já quase esquecidos
Outros momentos foram vividos
Por outras gentes do passado
E agora, por mim, imaginados!

Toco-lhes ao de leve,
Só com um dedo,
Uma breve carícia
E toco a medo...
Mas que delícia!
Este tesouro de magia
Como há muito eu não via!

13 janeiro 2016

Luta

Segues as margens do rio que vai ligeiro,
Corres contra ele em direcção à foz,
Lado a lado, ignoras o corpo a doer.
Questionas-te quem chegará primeiro...
O rio potente ou a tua vontade feroz?
Será, certamente, a quem o mar pertencer!

12 janeiro 2016

'Inhas!' à Carla Parreirinha

Querida Carla Parreirinha

Estás a ficar mais velhinha
Mas não fiques muito tristinha!
Toma lá repenicada beijoquinha
Que te dá esta tua priminha.
É a minha melhor prendinha,
Por ser do coração é bem docinha.
Bem te quis oferecer uma comidinha
Mas vem um cheiro a esturro da cozinha,
Saiu mais uma especial, daquelas à Sarinha!
Salvou-se ainda uma linda velinha,
Tem pintada quarenta e qualquer coisinha.
Casa cheia a improvisar uma festinha
E a despique uma alegre cantiguinha,
Garganta afinada pela melhor pinguinha.
Celebramos a tua abençoada vidinha!

Não querendo ser (muito) (grande) melguinha
Impunha-se uma palavra para ti, Carlinha.

Muitos parabéns à minha compridinha
E grande, grande Amiguinha!

E gritam todos: 'inha!'  'inha!'  'inha!'
'Viva a Carla Parreirinha!'

E botam abaixo copos cheios de ginjinha!

11 janeiro 2016

Partida

Vi passar esta linda rapariga
Passo apressado, de atrasado,
Autocarro em marcha lenta.
Grito: senhor motorista,
Abra a porta a esta amiga!
Deixe entrar tanta beleza,
Com a sua alma sedenta
Foge destas terras de tristeza.
Aperta, nervosa, entre os dedos
O bilhete há muito comprado!
Vai-se embora, deixa os medos.
Faç'ó favor, muito obrigado!




10 janeiro 2016

Shopping

Quanto me custas, Adeus!
Demasiado caro para este parco orçamento,
Aguardo uma qualquer época de saldos!
Vais ficando pelas montras,
Eu vou passando e vou mirando
Fazendo contas atrás de contas.
Tem sido difícil conseguir-te,
Não sei se és bem essencial,
Ou mero necessário mal.
Tenho grandes temores:
Depois, onde ficarei eu?

Numa ilha deserta,
Isolada dos amores?

09 janeiro 2016

Ralé

Ocorreu na vizinhança
Um crime terrível,
Uma potencial matança...
Que gentinha desprezível!
Palavras ácidas atiradas
Aos baldes cheios
Varanda abaixo.
Sem avisar 'palavras vão',
Tudo foi sem rodeios!
Escorreram pelas ruas,
Queimaram ouvidos primeiro,
Incharam peitos de indignação.
Sem polícia que nos valha
Anda à solta esta canalha.
Confisquem-lhes as palavras
Todas e sem medos,
Chamem gargantas ao tiroteio,
Sejam presos os culpados!
Que se impeça no porvir
Corações puros destroçados.

08 janeiro 2016

Missa

Tenho esta estranha religião,
Uma fé na lei do Cosmos,
Confissões feitas à Natureza.

Sempre em grande incerteza,
Insisto e procuro por algo radical,
Um bate que bate coração,

Possuires-me com esta sensação
Fluindo pelo todo e pelo nada,
Mãos entrelaçadas com firmeza.

Tenho uma crença, sim, com certeza,
De que haverá neste homem espiritual
Um desejo igual de pertença e comunhão.

Creio em ti.

07 janeiro 2016

Tesão

Acha-se bonita figura, a Figura!

Não lhe escapa uma montra em reflexo
Tudo nela grita: quero a noite! quero o sexo!
Valida as suas formas em lycra e poliéster
Saltos agulha mordidos pela calçada.
E tudo nela grita: quero a noite! quero ser caçada!

Acha-se linda criatura, a Criatura!

E roça-se confiante pelas ruas de multidão,
Baton que se oferece por copos de mão em mão.
Mas quem te quer, assim tão fácil?
O desejo aquece o ar, as ruas, os bares
E o relógio bate as horas dos amares.

Acha-se só, neste calor animal, a Animal!

Não há homem que lhe vá rasgar as meias,
Apenas umas tristes bem alegres boleias!

Táááxxiiii!

Google Imagens




06 janeiro 2016

Modernices

É moça de valor.
Uma pedincha amor,
Porém!
Chatices,
Quem quer?
Ninguém!
A vida quer-se solta,
Conforme ao carácter,
Desenvolta.
A descomprometer.
Esta moça é um pavor!

05 janeiro 2016

A vida está a acontecer

E assim berra a história:
É preciso encarar-te, realidade!

Chega de vidas imaginárias,
Ruas paralelas em fuga ao desfalque,
Ao assalto nas vias principais.
Cofres vazios, não há amor percebido.
Anestesiado por goladas de conhaque,
Pouco importa o mundo, já esquecido!

Há que enfrentar-te, se és verdade...
São novos os tempos, novas serão as vitórias!

04 janeiro 2016

Renascimento

Abandono a adolescência em consciência
Dos actos loucos, das turbulências...
Procuro a lucidez, a calma, a ponderação
De um estado adulto utópico ainda,
Semente envasada em terras de imaginação
Alimenta-se e desabrocha em planta linda
Aberta sob novos sóis, em nova existência.
Assim crê, fervorosamente, meu coração.

03 janeiro 2016

Aguaceiros

Triste criatura, alegra-te!
Enxuta as dores e enxuga o espírito,
Larga esse vício de usar as lágrimas
Como essência da vida que existe em ti!

02 janeiro 2016

Paixoneta

Homem, que queres tu afinal?
Possante como um animal
Enquanto gentil e cordial
Neste encontro acidental,
Homem, não me faças mal...

01 janeiro 2016

Frieza

És bem linda, mulher!
Que sensação tão boa
Vem desse corpo apetecido!
Mas não há qualquer querer
Em saber-te a pessoa
Assim que o prazer arrefecido!