No treino

O bando de pássaros atravessa o céu
numa sincronização perfeita

Permanência

Ouve-se o riso solto voando alto
até se perder na infinitude do céu,

Vento na minha rua

O vento canta com a sua voz fresca
de Primavera que brinca a Outono

Ser mãe (4)

Coloco a mão na tua nuca

e sinto entre os dedos

a vida,

poderosa e magnética

sobre o espírito,

sobre um coração de mãe.

Amparo a tua nuca

e sinto entre os dedos

a fragilidade

da vida

que enternece

o espírito,

um coração de mãe.

E dos meus dedos

sob a tua nuca

sai o manto

da protecção maternal,

um imenso amor.

Botão branco

Como dizer desta roseira?
Trouxe-me inteira na raíz

evaporação

a transparência magoa e atinge o seu apogeu
quando o próprio espelho rejeita a imagem

continência

Há encaixes por demais obrigatórios
forçados, mesmo, por alguns gregórios

Ser mãe (3)

Tudo é doçura
e nato o aconchego
no meu ombro

supermercado

São filas nebulosas cheias de pacotes
cores que se misturam numa abstracção

visões

Foto: Amílcar Dias

Passava um barquinho no rio
lentamente a colorir o dia

os dias

tento fotografar a vida

agarrar a eternidade numa tela

Ser mãe (2)

És ilusoriamente meu
porque tem de ser assim!
neste momento de entrega

lixo

a ingratidão corta os pulsos
à felicidade,
é deitá-la fora.

disposição

gargalhada extravagante

aberta

alívio

brindo com dois copos e bebo
à minha

Ser mãe (1)

a vida abre-se num choro
que enche o coração
e dispersa as dores

ligação cortada

o sedutor
procura o ecoponto