Pobre de mim, burro, espero milagres...
Tantos que são e tão bem encaixados
Mas, ai!, que manos tão pesados!
Com tão pouco para comer por tantos
Nada valem só por si, mas estes santos
Vou-me arrastando pela terra alentejana.
Já sem forças para carregar tanta alegria no lombo,
A meio caminho vacilo, 'Segurem-se!', e tombo!
'Querido Parrana!', e vai de abraço caloroso,
Mas depois de dorido e estendido no chão
Ninguém já dali me levanta, sou teimoso...
Assim hão-de saber, este burro tem opinião!
Ora e agora? Com a nora ainda tão distante
E sem um burro que se disponha a trabalhar
Regressa-se de bilha vazia e eu, Parrana, a coxear!