13 julho 2019

Ainda mulher (28)





Indiferenciada na minha condição, mãe e mulher apaziguadas, já nada estranho, tudo quero exactamente como o é em cada instante.

Que importam os acontecimentos?
Sou feliz.

Um cantinho dentro de mim mantém-se iluminado na tua existência, dás energia à batida do meu coração. Nasceste e a minha vida percebeu o sentido, numa alegria genuína, espontânea. Prolongou-se na sua finitude um pouco mais para além de si própria. O suficiente, assim o sinto.
A ti me dedico, fascinada pelo encanto de cada momento, lançando sementes, assim o creio, por sobre a rampa que um dia te lançará num voo mais além. Asas abertas à vida. Onde for a tua rota, será a minha oferta de breve passagem. Qualquer que seja.

Que importam os acontecimentos?
Sinto o mundo melhor.

O cantinho por ti nele ocupado mantém-se iluminado, emanas o calor que se precisa, dás energia à rotação do Universo.
Dou-te colo.
Tocamos as mãos. Enormes mãos de amor. Percebemo-nos desde sempre.
Celebramos o nosso primeiro aniversário: tu meu filho, eu tua mãe. Sorriso nos olhos.

Para sempre.