25 maio 2019

Ainda mulher (14)



Danço e em pontas, numa expressão máxima de musicalidade circular,
sem bem compreender,
seguindo o corpo na sua volúpia ininterrupta.
Danço e observo em espanto o espasmo da orquestra concentrada numa perfeita execução,
como se eterna e ausente de palavras.
Danço e perturbo-me como um espectador desconfortado,
a exigir a normalidade na anormalidade desta atenção insaciável, a roçar o infinito.
Circular.
Danço insistentemente e o calorento rodopio enfim se liberta dos medos do rufar dos tambores regidos pela batuta gestante.
Esgotante!

Entram os violinos.