A melhor tesoura da cidade
Conquistou arduamente a sua fama.
Com dedicação, engenho e gentileza,
Neste atelier sabe-se bem receber:
Uma senhorinha e a respectiva mesa
Onde o bule tem chá quente a verter
E um bolo espalha aromas de baunilha,
Apetecem à senhora que experimenta
Sonhando com a sua nova vestimenta.
Adoça-se à cliente o bom paladar
E dá-se-lhe liberdade em desabafar
Tudo o que ao padre não se confessa!
O longo espelho mostra os decotes...
Mira à frente, mira atrás, não há pressa,
'Um pouco mais longo, mais aberto...
Quero provocar o meu Alberto!'
Soltam-se risos de entendimento...
'Oh!, Dona Bia, não sonha o meu enredo!'
'Conte-me tudo desse seu ciumento!'
Entre tecidos, linhas e agulhas,
Revistas da moda e máquina de costura,
Dona Bia dedica-se à sua maior arte:
Com giz branco nos tecidos vai traçando
Intimidades que as paredes vão guardando!