12 outubro 2015

Recital

Se fechar os olhos, sinto o cheiro quente das velas
Cera derretida pingando por sobre o soalho de madeira
O tom cantado das escrituras ecoando longínquo
Vindo do passado, do velho livro aberto no púlpito...
E os versos vão-se propagando numa voz límpida, grave, bonita
Entrando profundamente nas minhas memórias do sagrado...
Transportam nas suas rimas o conforto da crença
Numa mão invisível que nos ampara na queda
E nos envolve em pertença.

Se fechar os olhos, e fecho, ouço a poesia religiosamente.

Eis quando o espírito se apazigua soltando uma lágrima,
Vertendo alívio.