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08 dezembro 2020

Olhos nos olhos



Eram palavras doces, redondas e coradas
límpidas
que apetecidas
e tão bem arrumadas que se diriam visíveis
a tocar no âmago quente e húmido da pele?

Amargam, afinal, a fazer cair a lágrima ao tocar da língua,
que se descobrem meias palavras apenas
de indizíveis vontades, sentimentos, as verdades.

Bem sei serem meus os lamentos
pelas doces desejadas palavras afinal amargas metades suspensas
largadas sós pelo tempo
à espera de serem apanhadas.

Oferecidas me foram numa cesta forrada com bordados de avó.