Ilusões

Como um fantasma me assombras

apareces e desapareces com as tuas vestes

Necessidades

Não te atrevas!
Que desplante! Atrevimento supremo!

ambientes

O céu torna-se escasso

e indecorosamente limitado

A origem da existência (12)

Sento-me e descanso,

A mão sobre a barriga.

Olá Filho.

Viver

Andamos em círculos
Passando por lugares onde já estivémos

Ao jantar

Há sempre lugar para mais um pouco de solidão
é juntar mais água à sopa e colocar outro prato na mesa

ensinamentos

A frieza da terra molhada agarra as raízes profundas
lentamente
vai fazendo o seu trabalho de anjo- da-guarda

A origem da existência (11)

Cinco dedos contados

Um dois três quatro cinco perfeições

A branco no preto e em que doçura

Esmolas

O espaço que se nos é oferecido
É míngua

Modernices

O momento é forte e explode

espalhando estilhaços de nada

Brisas

É uma fresca indiferença com que o vento agita as árvores
e elas lhe devolvem uma bela dança amorosa

A origem da existência (10)

Afinal

Está toda lá.

A tua existência.

Beijos

Sabes aquele momento em que se saboreia

a saudade?

No supermercado

As sobrancelhas destacam-se tanto quanto a indiferença
          a idosa mexe-se lentamente

espaço aberto

existe esta linha divisória
demarcando claramente o espaço

A origem da existência (9)

O meu corpo é físico

Como nunca antes.

Sinto a tua presença

Um copo

Bebe-se um copo
Vermelho adocicado

canalização consciente

Algumas perdas acontecem dissimuladamente
não são apercebidas no imediato