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12 agosto 2017

Epílogo

A vida em redor de uma mulher que busca a felicidade
É intensa, diversa, uma dança por entre os miados amorosos que os gatos fazem ecoar
Pelas noites dentro na Vila Pinto...

Dona Bia solta a sua vida, permite-se sentimentos  por um homem,
Abraçada pelos afectos de Harshal, apaixonado desde o tempo
Em que a linda rapariga grávida apareceu na Vila para lhe habitar os sonhos,
Vinda do distante Alentejo com um marido que a não quis.
Habituados à espera, correspondidos num mútuo e recatado coração,
Todos os Domingos comungam em profunda gratidão.
Assim se enlaçam sem outra aliança que a do verdadeiro bem querer.

Clara leva Leonel ao altar. O perdão aprendido nos afectos e no desejar.
Três homens lhe enchem a alma: o marido que a perdoou, o pai que ela perdoou , um filho sem pecado ao nascer.

Micaela transgride a normalidade, ama quem tem que amar em liberdade
De mente e emoções, sem nada temer.

Na Vila, a lua cheia ilumina as intimidades que se assomam nas janelas abertas à vida
A correr.

11 agosto 2017

História de vida: Harshal

Era uma vez um menino indiano.
Harshal, de seu nome, cresceu na miséria
Do bairro de lata, cedo um trabalhador
E de obediência à família devedor.
Forçado a casar com uma doce criança
Foi singelo galã e esperou com paciência.
A viuvez veio precoce e obrigado a fugir
Para Micaela, sua filha mal nascida, salvar.
Mudou de país e em Lisboa se veio instalar,
Montou loja e descobriu uma nova religião.
Refez a vida, sem reencontrar o amor
Até que uma meiga alentejana cheia de pudor
O deixou durante anos encantado de paixão.

10 agosto 2017

História de vida: António

Era uma vez um rapaz alentejano.
António, único filho,
Cresceu pobre mas feliz
Na dura vida da aldeia.
Nas festas se orava, rimava
E o povo dançava.
Ali se tornou moço
E por uma linda moça se interessou.
Mas o inferno da guerra distante
Dali o levou.
Foram longos anos e duros
De grandes terrores e saudades!
Em herói transformado
À terra regressou
Mas houve a acontecer
Que a linda moça engravidou
Sem ele de verdade a querer.
Casaram a rigor, pois sim,
Mas onde o desejado amor?
Na grande cidade
A esperança de uma nova vida
Foi curta, entre noites de horror
Em novas saias se consolou
E o seu lar desmoronou.
O tempo foi acontecendo
Até que sua filha, Clara, o procurou.
Trouxe com ela paz ao seu espírito
E um novo sentido para a vida
Que o regenerou.

09 agosto 2017

História de vida: Bia

Era uma vez uma linda menina alentejana.
Chamaram-lhe Bia, uma entre muitas manas,
Cresceu pobre mas feliz na dura vida da aldeia.
Nas festas se orava, rimava e o povo dançava,
Ali se tornou moça e por um moço se apaixonou
Mas o inferno da guerra distante dali o levou
Por longos anos e duros de temor e saudades!
O herói desejado regressou e houve a acontecer
Transformar esta menina numa grávida mulher.
Casamento a rigor, pois sim, mas onde o amor?
Na grande cidade a esperança de uma nova vida
Foi curta e o desgosto sobreveio com a traição.
A filha Clara deu-lhe força para ser feliz e viver
E ano após ano de nenhum homem quis saber,
Até que um meigo indiano lhe tocou no coração...

08 agosto 2017

Baile no salão

A música toca e todo o salão rodopia.
No centro, senhor Harshal e dona Bia
Solenes, felizes e passos concertados,
Ninguém se engana: estão enamorados!
E o abraço estreita os rostos e apetece
Um beijo, oh, mas aqui quem se atreve?
Um rufar de tambor faz dona Bia acordar
A novela terminou e ela estava a sonhar...

07 agosto 2017

Bairro Alto

No bairro dos amores complicados
A noite convida a bom dançar
Uma bebida após uma e outra
Ajuda a descontrair e a animar
A sedução dos encontros cifrados.
Micaela lá descobre o seu par,
Ensaia esta nova aventura
Na sua incessante procura
Por alguém a quem amar!


Imagem Google

06 agosto 2017

Os t(r)emores do senhor Harshal

Está só.

A filha saiu para a noite
À procura da sua sorte
Segura o coração em mãos
Que tremem o pior,
Valha-lhe Nosso Senhor!

Consola-se em doces pensamentos:
Enviou uma dose de sentimentos
Embrulhada em papel de alumínio,
O melhor bacalhau em casa
E um palpitante, secreto bilhetinho!

Amanhã, quem sabe?, tremerá pelo melhor?

05 agosto 2017

O ciclo da vida, Clara e Leonel

O calor do abraço amado
Não encontra par
Em qualquer encontro passado

Já perdoado.

04 agosto 2017

Convite

Enfim, sós.

Dona Bia olha o seu bacalhau cozido
Que lhe foi amorosamente oferecido
Pelo delicado senhor Harshal.

Liga a novela que passa na televisão,
A disfarçar um caloroso pensamento:
'Se fosse mais nova não ficava nada mal'...

Mas quando o foi escolheu esta solidão...
Dá-lhe uma pontada de arrependimento!

E o peito sobe e o peito desce,
As faces rosadas de indecisão...
Abre o bilhete, 'a ver no que dará',
E, em letra incerta, aceita o chá,
Amanhã, no bailarico do salão!

03 agosto 2017

Champanhe

O quadro é de harmonia
Visto de fora
A partir da noite límpida
Onde o céu estrelado
Parece compreender
E até favorecer
Os dois apaixonados.
Quando os astros se combinam
Num quadro onde o futuro
Aparece ponteado,
Um momento de felicidade
Parece seguro...
Pode ser celebrado!

02 agosto 2017

Pazes

Os olhares encontram-se e ficam
Atrapalhados ao perceberem o amor,
Todas as dores parecem inferiores
E nascem sorrisos...
Por aqui?
Sim, vim por ti!

Sentam-se à janta na redonda mesa:
Um prato de bom bacalhau cozido!
Dona Bia, Clara e Leonel recebido
Já em família e sem estranheza!


Guzenko Pavel

01 agosto 2017

Degraus

Clara sobe as escadas lentamente
Um degrau após um pensamento
E outro,
A noite passada foi uma loucura
Um momento a não repetir
E outro,
Pensa em Leonel, que a ama,
Ficando o seu coração pequenino
E outro,
Não me vai perdoar a traição
Mas, que raio!, se me desse atenção!
E outro, o último,
Mete a chave à porta,
Ouve a única voz que lhe importa...

'Surpresa!'

31 julho 2017

Convidado

Dona Bia anda numa azáfama
Nervosa, mexe os tachos do jantar
A mesa ainda não está posta
E na sala uma visita a esperar.

Olha de novo, como se a certificar,
Ainda lá está, o rapaz parece ansioso
Leonel, assim se veio apresentar
Todo simpático e muito afectuoso.

Sem saber o que fazer,
Acrescenta um prato na mesa
A mais que o habitual...

Não há-de fazer mal!

30 julho 2017

O colo que fica

O pai tudo vai sabendo e é grande amigo,
Pois como não o ser se a vida é toda ela
Micaela!

29 julho 2017

Bela mas...

Oh, Micaela! E se é esta mulher bela!
Um remoínho vai no seu interior:
Pois que não há-de acertar ao amor!
Hoje lá vai a mais uma escapadela,
Vem da net, uma surpresa este encontro:
Parece uma lindona nas suas fotografias
Mas o photoshop faz as honras destes dias...

É difícil amar na correria da vida presente,
Mais ainda quando se ama de forma diferente...

28 julho 2017

O amante

Roma é um pintas todo vestido a cabedal
Gel nunca é demais e a melhorar o visual
Junta umas correntes, ladies muita atenção
Que por aqui vai passar o maior engatatão!

Sem queixas, por todo o lado se ouve suspirar
'Que beleza de homem e que bem sabe ele amar!'
A cama é-lhe oferecida e não deixa a fama em vão
Mantém bem escondido o que lhe vai no coração...

Micaela povoa-lhe os sonhos: tão deslumbrante!
Se ela o quisesse mudava a vida nesse instante!
Mas sabe-a fria, e mesmo sem conseguir entender,
Tem por certo que este amor nunca irá acontecer.

Assim, põe a máscara e toca alto o metal da pesada
Desligado o sentimento, prepara a próxima noitada!

-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.
Relembrando:
http://balcaodopoema.blogspot.pt/2017/01/roma-o-homem-objecto.html

27 julho 2017

Esclarecimentos

Espreita ansiosamente o portão
À espera das novidades que virão...

Confidências entre as duas quase manas,
Micaela agarra Clara e sem filtro lhe questiona:
Que loucura aconteceu na noite passada?
Com o Roma, mostrar-se por aí abraçada!

E Clara sorri ao lembrar,
Teve o seu momento de leveza...
Tudo aconteceu à superfície
E já tomou o seu banho de beleza!

O ciúme ferve no ar
E Micaela ruborizada
Não consegue disfarçar
Que a ama sem ser amada...

Ah! Que vida! Que trocas assim se dão!
Roma quer Micaela mas ela tem esta paixão!
Clara quer Leonel mas partiu-lhe o coração!

Melhores dias virão!

26 julho 2017

Amizade

As amigas pelo tempo assim continuaram
De criança a duas lindas adultas passaram
Mantendo-se sempre alegres confidentes
Micaela protege a sua doce Clara fielmente

25 julho 2017

António é pai, finalmente!

Clara traz o remorso entremeado de felicidade
Encontrar-se com seu pai é crime com gravidade
Se a mãe sequer o sonhasse enorme desgosto teria

Saber de seu pai era um desejo que escondia
Poder abraçá-lo, falar da vida e do que sentia
Tantos anos depois, se tornou feliz realidade

E segredo bem guardado, a bem da humanidade...

24 julho 2017

Fim do dia

A tarde passou e mais um dia a terminar,
O regresso do trabalho faz a Vila animar.
Na loja de Harshal o burburinho cresce
À medida que a sua clientela aparece.

É preciso a todos prover, saber orientar
De forma a não deixar o jantar atrasar...

23 julho 2017

O presente

Há que deixar o passado descansar
Pois bastante se andou a recordar:
Querer compreender a vida presente
Nos caminhos trilhados pela gente.

E assim o dia de hoje se fez...

22 julho 2017

A vida que passa

As décadas galgam o céu
Sem dó, a vida acontece
Intensa, preocupada, cheia
Esquece-se a origem
O bairro, a aldeia,
Reza-se em gratidão
Mais que em temor
Dos filhos a boa criação
E em silêncio partilhado
Se solidifica
Um platónico amor.

-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.
Relembrando:
http://balcaodopoema.blogspot.pt/2017/04/regresso-ao-comeco-do-dia-na-vila-pinto.html

21 julho 2017

Decisões

Desce as escadas devagar
Levando o ritmo do seu pensar,
Medindo a actual realidade,
Decidindo da vida com verdade.
Percebe os longos olhares,
Os cuidados, os muitos agradares
Mas veste por completo de escuridão,
Afasta novas dores do coração...
Outro degrau, satisfaz os dias
Com outras renovadas alegrias.
Decide assim a vida tão nova
Ao recuperar de tão grande sova!

20 julho 2017

Eterno apaixonado

Ama em silêncio
Entre saias doutras
Que não as dela
Tão delicada e bela

19 julho 2017

Rebuçados

Micaela toma a pequena Clara pela mão
Domina a loja abundante  onde vive
Escapam-se entre vestidos e pulseiras de latão,
Directas ao desejo cochichado no momento.
Espreita a distracção fingida de seu pai
Trepando p'ra cima de um velho caixote
E tira dois grandes rebuçados de um pote!

Saem sorrateiras e com a boca já a adoçar
Vão correr pela Vila atrás dos gatos vadios
Gargalhando e tentando não se engasgar!

18 julho 2017

A Costureira da Vila Pinto

Uma casa requer sustento
E deixando de lado o lamento
Bia, que sabe tão bem costurar,
Põe um  anúncio para trabalhar.

Logo aparecem várias clientes
Que procuram um vestido decente:
Ouviram na loja do Harshal
Que aqui o talento é especial.

Assim se vai construindo um nome.
Dona Bia, a Costureira, pouco dorme
É escasso o tempo para dar vazão:
Alarga aqui a saia, dá ali um apertão...

As senhoras vêm e andam muito contentes,
Aqui conversam e bebem doce chá quente,
Confidências, muita risota e é linda a  moda
Neste canto há conforto, ninguém as incomoda.

A Costureira da Vila Pinto é feliz!
Pelo menos, é o que por aí se diz...

17 julho 2017

Clara

A tempestade passou por sobre a Vila
E seguiu por diferente caminho
Abriu-se o céu ao Sol e aos outros Astros
Transbordante de fé e de carinho,
O Universo à escuta do choro, jubila...

Ei-la, enfim, a criança nasceu!
E todo o mal do mundo desapareceu!

16 julho 2017

A maternidade

Podia chorar o abandono
Mas minha filha por nascer
Faz-me mesmo assim sorrir,
Dá-me um grande bem querer.
Por ela desde já me apaixono,
Clara, será o seu nome a decidir.
Mãe e filha unidas num caminho
É doce esta ilusão que acarinho.
Toco a barriga, sinto-a mexer!
Minha Clara!
Voltarei a ser feliz neste viver!

15 julho 2017

Onde estás, Alentejo?

O horizonte vermelho, distante, plano
Povoa os sonhos
Por entre sobreiros, montes, a mula,
Risos infantis que se espalham
Sobre os girassóis
Num sobressalto...

Uma mota acorda o dia
E Bia.

14 julho 2017

A vida a sós

Falta o chão, o cheiro, o calor
Do ninho de amor...
A solidão traz a recordação
E a saudade
Abraça o doce coração!

13 julho 2017

Zanga

Traidor! Ai! Meu Deus! Que dor!
Grito já com o coração no chão!
António! Que desgraça se passa!
Como amar sem te poder olhar?
Mentiroso este viver, é só sofrer!
Arruma a tua parca mala e abala!
Quero vida melhor! Quero amor!

12 julho 2017

Confronto

Boas noites ou má sorte
Aqui o venho encontrar!
Que anda você a fazer?
Tem a mulher a chorar!
Sendo a vontade morrer,
Tudo sabe e faz-se forte!

11 julho 2017

Traições

Aí vem ele, vem sorrindo, vem dela!
Assim é visto por detrás de cada janela!

Não se sabe por quem foi hoje o amar
Mas diferente de ontem e, certamente, de amanhã...
Uma linda casa se dá assim a desgraçar!

10 julho 2017

António perde-se

Era morena, piscava um olho a sorrir
Rebolando a anca ao picar do passeio
Sobre um salto fino a conquistar homem,

E o homem foi.

09 julho 2017

Intocável

O corpo sente o impulso
Do animal enlouquecido
O cheiro da fêmea queima
Mas o ventre tornado sagrado
Arrefece o toque
Como quem grita um insulto...

08 julho 2017

A noite

Uns olhos amarelados
Brilham na escuridão
Ouvem-se ao longe os tiros
Ou talvez seja só o coração
Uma catana corta o ar
Ouve-se música tamborilar
Ou talvez seja só um metralhar
Um grito corta a solidão
O súor tresanda, cheira a guerra
E a podridão!

07 julho 2017

Questões

António sente-se aflito, a sufocar,
Um calor lhe dá enorme mal-estar...
Vê em seu redor paredes a encolher
Olha a mulher, não sabe se quer crer!

O destino a isto lhe trouxe o viver:
Obrigações, o compromisso, o talher.
Seguir a regra, cumprir a normalidade,
Assim se deu o seu regresso à cidade.

Onde o porquê desta maldita ansiedade?
Olha a mulher e estranha a paternidade!
Acontece a vida e é ausente de emoção,
A culpa entranhada no olhar fixo no chão...

06 julho 2017

Luminosa

E Bia vai linda,
Redondinha de vida...
A sua imensa felicidade,
A jorrar maternidade,
Dá uma luz ao dia
Como há tempos
Pela Vila não se via!

-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.
Relembrando:
http://balcaodopoema.blogspot.pt/2017/06/harshal-ve-bia.html

05 julho 2017

Rotina

Seguem animosamente os dias
Produtivos e conciliadores
Uma bebé se vai fazendo menina
E não há falhas nos amores
São tempos de muitas alegrias.

04 julho 2017

A vida em renovação

O começo do novo ano
Acontece em renovação
E o mundo expande-se
Sob o sol português.

03 julho 2017

É Natal, a família vai à missa

A missa do Galo encanta.
Tudo é novidade,
A bengala que se precisa
Aconchega entre velas
E rezas e tradição
Mesmo à mão!
Aqui o frio não parece tão inóspito.
Sob o sorriso do Menino nascido,
Harshal sente-se agradecido.

02 julho 2017

Conversão

Da igreja se ouvem lindos cânticos
E um apelo mais forte, inexplicável,
Empurra um homem a sair da rua
Indo ao encontro de nova vida espiritual.
Assim se entrega à expiação
Na gelada sagrada pia baptismal...

01 julho 2017

É Natal, Lisboa luminosa

E é Natal, a vida ilumina-se
com a cidade
Entrando o frio pelos ossos
Alegremente

Rua Garret, in blogue 'Lisboa de Antigamente'

30 junho 2017

Sem esposa

Pequena Micaela, amor que brilhas nos olhos de teu pai,
Faltou-te a mãe ao nascer mas este homem abraçou a tua vida...
Transborda de ti a sua alma e lança em teu redor sementes de futuro.
Filha de teu pai, sente a sua mão que te ampara o dia em alegria.
Rapariga, a fortuna quis-te bem depois do mal, sempre a esperança
Brota quando nasce o Sol e espalha pelo céu infinitas possibilidades.

29 junho 2017

Namorando

Homem solteiro, bonito,
Passeando sua filha pequena
É mel que adoça corações...
E, não se apegando, vai dançando
Com uma, com outra,
Pelos salões.

28 junho 2017

O lar de Micaela

A Vila Pinto amolece o coração
E adopta no seu colo esta doce criança.

27 junho 2017

Harshal na Vila Pinto

Assim se chega à Vila dos acontecimentos
Onde esta novela se enovela, é este o lugar:
Um indiano viúvo e sua filha aqui estão
Têm largo dote e vêm-se instalar
No maior prédio, com loja no rés-do-chão,
Por cima habitando um exótico andar.
Tudo tem direito a ruidosa inauguração,
A vizinhança vem toda ela a espreitar
E sai com um lindo presente na mão.
Assim começa o novo negócio a despontar,
A vida quer arrancar com ventos de feição.
Na Vila Pinto, se entrelaçam sentimentos...

26 junho 2017

Caminhos de luz

A alegria torna-se uma possibilidade.
A vida brilha sob o sol deste inverno,
Tudo será bem melhor nesta cidade!
Sem saber porquê, tudo em si é terno,
Até a dor se transformou num amor...
Harshal sente-se homem abençoado
Do fundo do desespero resgatado.

25 junho 2017

Lisboa

Eis Lisboa, a magnífica!
É fresco o ar que o inebria.
O olhar humedece
Como se num regresso ansiado...
Eis Lisboa, o seu novo lar,
E o coração já transformado!

Praça Duque de Saldanha e Avenida da República, 1940- in blogue 'Lisboa de Antigamente'


24 junho 2017

O dote

Esse terrível garrote
Que torna insano o nascimento
Se menina fôr,
Mas abençoado o casamento
Se menino aparecer,
Esse maldito dote
Servirá um renascer!
Graças ao dinheiro de Gora
Um futuro se acautela
E assim se vão embora
Harshal e Micaela!

23 junho 2017

Micaela será

Harshal chora grossas lágrimas
Desespero, medo, uma grande ansiedade
Larga a vida que conhece nesta cidade
Parte com uma filha mal nascida
De um lugar onde só se lhe quer mal
E num momento de desafio ao destino
Coloca na menina toda a esperança
Condensada num nome de Portugal!

22 junho 2017

Decisão

Está concebida para breve a partida.
Em longa viagem se aventuram pai e filha,
É preciso fugir desta família e sua armadilha...
Foi Lisboa a escolhida para uma nova vida.

21 junho 2017

Estrume sagrado

Harshal olha em redor e só vê sujidade.

Tudo lhe passou a cheirar mal
Entranhou-se-lhe no olfacto
A crueldade da família
Os edifícios de reabilitação
Um dia tentados
Agora destroçados
As barracas de sempre
Cinicamente de pé.

Pisa um estrume
E pragueja a desgraçada desta vida
Que sempre o sufocou...

20 junho 2017

Tentativa de assassinato

Um choro assustado repõe a razão
Pede o calor do corpo da mãe
Mas mãos frias a seguram sem amor,
Menina nascida na inconveniência,
Um trágico golpe se tece ao seu coração!
Criatura orfã, desgraçada, sem valor!

19 junho 2017

Harshal e a esposa morta

E de repente, o silêncio!
Depois, a cama morta ergueu a sua voz grave
Ecoou pela mente confusa
Ondulando lentamente...
E de repente, o corpo inerte tomou o espaço
E abraçou o medo,
Num instante suspenso.

18 junho 2017

Morte no parto

Veio a sombra da morte
Empurrar a luz da vida
E Gora jaziu...

17 junho 2017

O primeiro olhar

Harshal sai em força,
Vai disparado,
Atravessa conversas,
Afasta cadeiras,
Gritos, desavenças,
Abre as portas,
Salta por sobre desgostos
E lamúrias,
Por sobre todas as barreiras!
Tudo em redor se apaga!
Leva nas mãos a sua alma inteira
Com o sentido do mundo deposto
No pequeno e lindo rosto
De olhar negro, vivo, encantado!,
Que tão fundo o esmaga!
Sua filha, assim o tocou
Mal a viu e logo se transformou
Num ser maior e amado!

16 junho 2017

Menina!

Levam-se mãos à cabeça,
Há gritos, grande discussão começa!
Que desgraça se nos abateu!
Este bebé que hoje nasceu
Traz um desgosto, nasceu mulher!
Será nossa ruína, ninguém a quer!

Nesta família, o chão tremeu!

15 junho 2017

Nasce Micaela

Gritos dilacerantes cortam o bairro
É mulher ensopada no sofrimento
Da luz que se acende à vida

14 junho 2017

Sortes

Menino ou menina?
A fortuna ou o abismo?
Na hora do nascer,
Será um sol brilhante
Ou terrível o sismo!

13 junho 2017

Harshal vai ser pai

Salta-se-lhe no peito de alegria em alegria
Como quem salta de poça em poça,
Uma água castanha premiada com um arco-íris
E a miséria encolhe enquanto o coração aumenta.
Jamais com tão grande felicidade sonharia:
Um casamento a bem-querer sua linda moça
E uma família a crescer, que mais há a pedir?
Os maus agoiros e as nuvens escuras afugenta!

12 junho 2017

Gravidez de Gora

Nuns imensos olhos negros
Brilham alegremente as lágrimas
Da maternidade sentida
Num doce e redondo ventre
A vida a gerar a vida
E a trazer uma mulher contente!

11 junho 2017

A recompensa

A vida abriu o seu sorriso
Grande quanto o prazer
Descoberto e intenso
Tanto quanto o tempo adiado
Noite após noite insaciado
Ainda, guloso, exigente!
A lua luminosa a atentar,
Pela janela dentro, nos dois corpos
E sua luta, repetida até o sol acordar!

10 junho 2017

Enfim!

O corpo sorriu por inteiro
E a felicidade escorreu em suor
Inundando o universo

09 junho 2017

Antecipação

Dharavi nunca pareceu tão belo
A Harshal que vai cantarolando
Pelas labirínticas ruelas lamacentas
Onde o Sol lança reflexos coloridos
E se escutam as crianças a brincar.
Vestiu o seu melhor kurta pajama
Combinado com o mais largo sorriso...
Gora fez-se mulher e que linda!
Hoje é o longamente esperado dia
Em que o casamento se irá consumar.

-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.
Relembrando:
http://balcaodopoema.blogspot.pt/2017/04/a-longa-espera-de-harshal.html

08 junho 2017

O passado presente na memória

Os noivos chegam ao novo lar
E toda a Vila fica a vibrar,
Quer, por força, o casal conhecer...
À porta lhe irão bater.
Um dia: 'vizinhos, bem-vindos'
Outro: 'Tudo o que precisar'
Ou: 'Estamos naquele andar'...
Mas um olhar especial
Tem o nome de Harshal:
Ao seu solitário coração
Foram bater!
Ah! Quanta recordação!
Sente a Índia regressar...

07 junho 2017

Harshal vê Bia

Quem vem lá?
Há novidade na Vila!
Ah! Que linda rapariga!
Tão redondinha barriga
Seguindo o seu senhor!
Harshal sente o entusiasmo
Provocar-lhe um espasmo,
Olhos de sorriso em flor!
Loja aberta, pronto a servi-la,
Como se chamará?

06 junho 2017

Vila Pinto, novo lar

Passam uns gatos numa miada conversa.
A alvura dos prédios a desenhar um pátio
Onde a vida empurra a muita pressa
Por sobre as pedras redondas da calçada.
Cheiros novos atravessam os ares,
Vozes dispersas, motores, muitos andares...
Abre-se um sorriso de criança animada
A quem se fez afortunada promessa!

05 junho 2017

Boa tarde, Lisboa!

Chegam à nova vida às quatro da tarde.

Bia olha o ponteiro do relógio no pulso fino
E ressente-se dos pés inchados da caminhada.
Em redor a Vila Pinto, sua nova morada,
Regista este momento num múltiplo olhar:
Em cada janela curiosa se recebe este destino.
Sobe a escadas, linda, que estás quase a descansar!

De um beiral se solta o voo de uma ave.

04 junho 2017

Começo de vida?

Um novo dia amanheceu,
Alegre, chilreante, dourado.
E muitos são os beijos e os abraços
E as felicidades na hora do adeus.
Da grande cidade acena o futuro,
Essa amálgama de tudo e de nada.

Parte-se para longe do presente.

03 junho 2017

Arrefecimento

Bia chora esta noite por amar
Na solidão da gravidez que a desfeia
O mistério há tempos que se perdeu
E hoje o lençol não aqueceu
Agora que se entregou a casar!

02 junho 2017

As núpcias

Foi festa de arromba o casório,
Alta madrugada, barris esvaziados...
Mas, ao prestar provas, foi o noivo inglório!



01 junho 2017

O casamento de Bia e António

Juntou-se o povo à festa
Do herói do Ultramar
Que veio à terra casar.
Na sua melhor farpela
A aldeia pôs-se bela,
Lançou foguetes
E mandou a banda tocar.
Terá sido feito peditório
E hoje é grande, é farta
A mesa que se oferece,
Toda a aldeia convidada
Ao memorável casório.

31 maio 2017

E viv'ós noivos!

Que só a morte os separe!
E alianças e beijo autorizado,
Toca a banda, começa a alegria,
Esquecem-se os noivos casados
Que agora interessa é o manjar
E um pé de dança agarrado bailar!

30 maio 2017

O noivo António

Transpira-se muito na igreja
O calor do colete de forças
Que aperta, aperta, falta o ar
Ouvem-se foguetes que nem tiros
No mato, uma dor, um esgar
O mesmo sentido do dever

29 maio 2017

A noiva Bia

Se é feliz?
Viva-se!
Entra, noiva,
Entra na igreja
Mas algum mal
Se te deseja!
Será da terra,
Se assim sempre o foi,
A inveja!
Que vai linda
E o noivo é quase herói...
Ai, barriga!,
Dedo em riste,
A noiva
Se cochicha,
E pelas costas se lincha!



28 maio 2017

O branco vestido da linda noiva

Os olhos fazem-se grandes
Negros  mais do que nunca
Que as grossas lágrimas
Arrastam emoções pela frente
Mistura-se a realidade com o sonho
Na alvura que lhe cobre a alma
Da cabeça aos pés!

27 maio 2017

Regressa-se à terra para casar

Há que ser rápido
Não se pode saber
Essa redondeza que se vê
É preciso disfarçar
Com o mais branco dos vestidos
E um véu tudo a tapar
Apresse-se a data
Senhor padre
Dê a sua bênção
O casal tem pressa em conceber
Um prematuro irá nascer

26 maio 2017

A carta

Escreve-se à família
A mais espantosa história
Da fuga por amor!
Todos suspiram de alívio
Não há vergonha para o nome
Faça-se um lindo casório,
Às pressas que a situação
Pede rápida reparação...

25 maio 2017

Noivado de Bia e António

Vê-se António
Assim grávido
Fica sem fala
Aturdido
O orgulho
Põe-no de joelhos
Bia
Casa-te comigo

24 maio 2017

Entendimento

A porta bate
E o incrível acontece
Num pequeno quarto
Na capital
A paixão renasce
Porque vieste?
Ali morria
Mas aqui perdia-me
Sem ti
O movimento
Num novo tipo
De selva
A guerra a acontecer
Dentro da cabeça
Mas são motores
E fumos
Em ruas de gente apressada
Noutras lutas
Porque vieste?
Ali chorava
O abandono
Mas cresceu em mim
Um fruto
Teu
Vim ser família
Família seremos
Abraço.

23 maio 2017

A fuga

Lisboa
Vou atrás de ti
Atrás da minha vida
Não me foges
Com esta minha barriga
Cheia de ti
Sou forte
Com a força
Da maternidade
Que brota
António
Que me fizeste?

22 maio 2017

Decisões

Sou desgraçada nesta terra fechada...
Solteira, por todo o lado serei falada
Assim se saiba da minha condição!
Um filho quer um pai, terei opinião!
Sei-me aqui, António, por ti abandonada
E, por estas ruas, minha vida despejada...
Costuro aqui como em outro qualquer lugar,
Levarei esta barriga até ti, podes esperar!

21 maio 2017

Grávida!!

Com o desgosto pelos cantos pingando,
Vai a rapariga lindos vestidos costurando...
Anda absorta, na sua vida ruminando
Que lhe faltaram as regras,
Já muitos dias foram passando...
Adivinha certeira o que lá vem
Qual pressentimento de mãe!

20 maio 2017

Revolta

'Deixa, mana, arranjas outro melhor que este!'
O sofrimento de uma é o sofrimento das quatro
Manas que se consolam e secam lágrimas
Ininterruptas...
Tanto tempo de vida desperdiçado,
Amores adiados,
Esperanças e ansiedades,
Palavras escritas a encurtar distâncias
E a desenhar sonhos, um futuro...
'Arrancaram-lhe o coração em África,
Guerra maldita!'
Que desdita!

19 maio 2017

Atónita

A camioneta barulhenta seguiu
Envolta numa nuvem de fumo
E com esta imagem Bia se viu
A perder da felicidade o rumo...

18 maio 2017

Vou ali e já não volto

O enfado instala-se no silêncio da planície
E António parte para a distante Lisboa!
Segue leve e veloz como se nada sentisse
E sem querer saber se a alguém magoa.

17 maio 2017

121 Gulosos!!!



Sentem-se felizes e enamorados
Tendo-se lentamente degustado
Qual fatia de bolo achocolatado!

16 maio 2017

120 A entrega



Bia linda Bia
Tanto ano sem mulher
Acreditas
Amor
Acredito

15 maio 2017

119 Um momento de loucura



A magia acabou por acontecer
Numa tarde quente de querer...
O beijo passou da boca ao seio
E, de repente, se soltou o freio!

14 maio 2017

118 Reencontro



Não houve a magia imaginada,
Milhares de vezes sonhada,
Ao longo dos anos lentos
De ausência e muitos tormentos.

13 maio 2017

117 O namoro



A campaínha toca
E a casa alvoroça-se:
'Ó Biiiaaa!!

12 maio 2017

116 Formalidades



António ajeita a farda e as medalhas
Botas brilhantes como estrelas
Costas direitas e mãos rudes da luta.

11 maio 2017

115 Reconhecimento



Bia viu António.
Ao longe.
Não se mostrou.

10 maio 2017

114 Refeição do pós-guerra



A mente entra em disrupção.
Imagens da realidade vivida
No momento corrente,
Mas tão distante,

09 maio 2017

113 Adeus, até ao meu regresso



Aconteceu.
Para alguns.
O regresso.
Medalhados
Uns.

08 maio 2017

112 Na sombra



Bia aguarda na igreja perfumada
Por ramos e ramos de flores,
Madeiras de véspera enceradas

07 maio 2017

111 Finalmente, o regresso de África



A camioneta chega e a emoção desce os degraus
Espalhando lágrimas pela rua abaixo.
Todos choram, quem cá estava e quem acaba de chegar.

06 maio 2017

110 Alegria



A aldeia está feliz e festeja:
A banda foi chamada,
O padre oferece a missa,

05 maio 2017

109 Inseguranças



Passa frente ao espelho e pára
Atenta ao rosto, ao corpo,
Ao peito que cresceu demais,

04 maio 2017

108 Ai o amor, é lindo!



Começam a chover sorrisos,
Chovem torrencialmente...
Bia apercebe-se e sai a correr para a rua
Deixa-se molhar completamente!

03 maio 2017

107 Boas novas



A aldeia viu-se nua
Com os homens na guerra
Não há gente na rua
Só se sai a trabalhar a terra

02 maio 2017

106 Agulha e linha



Quem a vê
Absorta
Na sua agulha
E linha
Não adivinha

01 maio 2017

105 O atelier



A melhor tesoura da cidade
Conquistou arduamente a sua fama.
Com dedicação, engenho e gentileza,
Neste atelier sabe-se bem receber:

30 abril 2017

104 Arrumar o dia



Assim se quer Dona Bia:
Com o corpo lavado e bem tratado
E a mente benzida e arrependida

29 abril 2017

103 Pai Nosso



Em São Sebastião da Pedreira
Ecoa pela igreja a oração
'Não nos deixeis cair em tentação'

28 abril 2017

102 Impressões



Lisboa está alegre, ensolarada
A vida corre habitual, muito agitada
Buzinas ansiosas, quiçá já atrasadas

27 abril 2017

101 Mulheres!



O indiano atravessa-lhe o espírito
E o sorriso:
Perfumara-se a pensar nele...

26 abril 2017

100 Pecadilhos



Chocalha o terço de prata na carteira
Enquanto pisa as pedras da calçada,
O pensamento solto na noite passada

25 abril 2017

99 O encontro matinal



O Senhor Harshal escuta uns passos na calçada,
Conhece-os, sonha com eles, pézinho delicado
Dentro de um sapatinho preto, senhora sua amada!

24 abril 2017

98 Regresso ao começo do dia na Vila Pinto



Clarinha saiu porta fora
E Dona Bia ficou a tratar
De deixar a casa a brilhar,

23 abril 2017

97 A longa espera de Harshal



Gora e Harshal
São agora um casal.
Ela treme com medo,
Ele diz-lhe em segredo:

22 abril 2017

96 O casamento de Harshal e Gora



Acende-se o fogo e as oferendas começam a  arder
O pai empurra disfarçando uma Gora vacilante
Que olha o chão resistindo nervosamente.

21 abril 2017

95 O noivo Harshal



O noivo transpira elegância
Formal no seu Sherwani
Antecipa os nervos numa cerimónia
Que o escolheu
E que ele aceitou em obediência

20 abril 2017

94 A noiva Gora



'Como estás linda, Gora!'
Apreciando o sari vermelho,
A família exulta
Enquanto a menina chora!

19 abril 2017

93 O segredo na noite



Meia-noite
É a hora da desdita
Ilegal
Há que preservar
O tradicional
É hora da rapariga casar

18 abril 2017

92 Cerimónia de Mehndi



Gora pequena querida
Uma quase senhora
Estende as mãos
Estende os pés
Deixa ser a tradição
Deixa fluir a henna

17 abril 2017

91 Negócios



O Bairro por fim se acalmou
Quando o festejo terminou.
Toda a labuta no calor do dia recomeçou

16 abril 2017

90 Homem vaixá



Harshal arde em desejo,
Quer mulher!

15 abril 2017

89 Menina vaixá



Pequena Gora, quem te protege?
Casa virgem e assegura o futuro
Matando todos os dias do presente.

14 abril 2017

88 Festival de Ganesha Shaturthi



Os cânticos repetem-se afinados
Sentidos, repetidos ao infinito,
Viva o deus da boa fortuna!

13 abril 2017

87 Aniversário divino



Pendem as decisões casamenteiras
Que o tempo é de festa e devoção
Ganesha requer celebração

12 abril 2017

86 Sanatana Dharma

Acreditar no caminho é preciso
Aclara os dias

11 abril 2017

85 Meditando



A vela acesa
Lança sombras
Que ondulam no espaço
E aquece o ar
Com um perfume picante

10 abril 2017

84 Vivendo



Sonhando entre as bonecas
Ou suando entre os curtumes
Desconhecem os futuros noivos

09 abril 2017

83 Infância(?)



Gora, garota
Ainda marota
Boneca viva
Que brinca

08 abril 2017

82 Jovem Harshal aguarda o noivado



O seu destino está traçado
De nada lhe serve amar
Não é tido nem achado
Na moça que lhe irá calhar!

07 abril 2017

81 A mãe vaca



Ossuda e relaxada
Chifres de azul pintados
E chocalhos a tilintar,

06 abril 2017

80 Chove na favela



A chuva caiu
Lavou telhados
E carregou imundíeces
Vielas abaixo

05 abril 2017

79 Favela indiana



O dia arrancou nos bairros do Bairro:
Olaria, curtumes, vestuário, reciclagem,

04 abril 2017

78 Meera, mãe de Harshal



Até ao cair da noite
Em que o silêncio comanda
Finalmente,
A vida é ruidosa

03 abril 2017

77 Em Mumbai, Dharavi



No pântano que se fez favela,
Mesmo no centro da cidade bela,
Uma geração gerou outra

02 abril 2017

76 De Bombaim a Mumbai




Sete ilhas transformadas em cidade
'Bom baía' foi descoberta portuguesa,

De Bombaim a Mumbai

Sete ilhas transformadas em cidade
'Bom baía' foi descoberta portuguesa,
Oferecida como dote aos ingleses
Num acto de enorme gentileza.
Assim que independente se tornou,
Logo o seu nome determinou:
Nasceu Mumbai, deusa-mãe,
E cresceu descontrolada, sem pudor...
É de contrastes, esta cidade maravilha,
Onde a miséria, que é uma farta sombra,
Sobrevive entre as luzes do esplendor.

Mumbai, 1950- Imagem google