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30 abril 2017

104 Arrumar o dia



Assim se quer Dona Bia:
Com o corpo lavado e bem tratado
E a mente benzida e arrependida

29 abril 2017

103 Pai Nosso



Em São Sebastião da Pedreira
Ecoa pela igreja a oração
'Não nos deixeis cair em tentação'

28 abril 2017

102 Impressões



Lisboa está alegre, ensolarada
A vida corre habitual, muito agitada
Buzinas ansiosas, quiçá já atrasadas

27 abril 2017

101 Mulheres!



O indiano atravessa-lhe o espírito
E o sorriso:
Perfumara-se a pensar nele...

26 abril 2017

100 Pecadilhos



Chocalha o terço de prata na carteira
Enquanto pisa as pedras da calçada,
O pensamento solto na noite passada

25 abril 2017

99 O encontro matinal



O Senhor Harshal escuta uns passos na calçada,
Conhece-os, sonha com eles, pézinho delicado
Dentro de um sapatinho preto, senhora sua amada!

24 abril 2017

98 Regresso ao começo do dia na Vila Pinto



Clarinha saiu porta fora
E Dona Bia ficou a tratar
De deixar a casa a brilhar,

23 abril 2017

97 A longa espera de Harshal



Gora e Harshal
São agora um casal.
Ela treme com medo,
Ele diz-lhe em segredo:

22 abril 2017

96 O casamento de Harshal e Gora



Acende-se o fogo e as oferendas começam a  arder
O pai empurra disfarçando uma Gora vacilante
Que olha o chão resistindo nervosamente.

21 abril 2017

95 O noivo Harshal



O noivo transpira elegância
Formal no seu Sherwani
Antecipa os nervos numa cerimónia
Que o escolheu
E que ele aceitou em obediência

20 abril 2017

94 A noiva Gora



'Como estás linda, Gora!'
Apreciando o sari vermelho,
A família exulta
Enquanto a menina chora!

19 abril 2017

93 O segredo na noite



Meia-noite
É a hora da desdita
Ilegal
Há que preservar
O tradicional
É hora da rapariga casar

18 abril 2017

92 Cerimónia de Mehndi



Gora pequena querida
Uma quase senhora
Estende as mãos
Estende os pés
Deixa ser a tradição
Deixa fluir a henna

17 abril 2017

91 Negócios



O Bairro por fim se acalmou
Quando o festejo terminou.
Toda a labuta no calor do dia recomeçou

16 abril 2017

90 Homem vaixá



Harshal arde em desejo,
Quer mulher!

15 abril 2017

89 Menina vaixá



Pequena Gora, quem te protege?
Casa virgem e assegura o futuro
Matando todos os dias do presente.

14 abril 2017

88 Festival de Ganesha Shaturthi



Os cânticos repetem-se afinados
Sentidos, repetidos ao infinito,
Viva o deus da boa fortuna!

13 abril 2017

87 Aniversário divino



Pendem as decisões casamenteiras
Que o tempo é de festa e devoção
Ganesha requer celebração

12 abril 2017

86 Sanatana Dharma

Acreditar no caminho é preciso
Aclara os dias

11 abril 2017

85 Meditando



A vela acesa
Lança sombras
Que ondulam no espaço
E aquece o ar
Com um perfume picante

10 abril 2017

84 Vivendo



Sonhando entre as bonecas
Ou suando entre os curtumes
Desconhecem os futuros noivos

09 abril 2017

83 Infância(?)



Gora, garota
Ainda marota
Boneca viva
Que brinca

08 abril 2017

82 Jovem Harshal aguarda o noivado



O seu destino está traçado
De nada lhe serve amar
Não é tido nem achado
Na moça que lhe irá calhar!

07 abril 2017

81 A mãe vaca



Ossuda e relaxada
Chifres de azul pintados
E chocalhos a tilintar,

06 abril 2017

80 Chove na favela



A chuva caiu
Lavou telhados
E carregou imundíeces
Vielas abaixo

05 abril 2017

79 Favela indiana



O dia arrancou nos bairros do Bairro:
Olaria, curtumes, vestuário, reciclagem,

04 abril 2017

78 Meera, mãe de Harshal



Até ao cair da noite
Em que o silêncio comanda
Finalmente,
A vida é ruidosa

03 abril 2017

77 Em Mumbai, Dharavi



No pântano que se fez favela,
Mesmo no centro da cidade bela,
Uma geração gerou outra

02 abril 2017

76 De Bombaim a Mumbai




Sete ilhas transformadas em cidade
'Bom baía' foi descoberta portuguesa,

De Bombaim a Mumbai

Sete ilhas transformadas em cidade
'Bom baía' foi descoberta portuguesa,
Oferecida como dote aos ingleses
Num acto de enorme gentileza.
Assim que independente se tornou,
Logo o seu nome determinou:
Nasceu Mumbai, deusa-mãe,
E cresceu descontrolada, sem pudor...
É de contrastes, esta cidade maravilha,
Onde a miséria, que é uma farta sombra,
Sobrevive entre as luzes do esplendor.

Mumbai, 1950- Imagem google

01 abril 2017

75 Maldizeres



Lá vai Clara, que estouvada!,
Que rapariga, é um demónio!
Vira a Vila em pandemónio